Você já esteve em minha vida - Parte 3
Era a primeira vez que fazia uma viagem de navio por tanto tempo, seriam dias desfrutando daquele gigante dos mares com nome de Preziosa, conhecendo pessoas, lugares além de apreciar aquele mar lindo, o nascer e o por do sol, seria uma experiência incrível.
Depois do embarque, foi passear pelo navio para fazer um reconhecimento geral, se ambientar para poder aproveitar melhor cada espaço e entretenimento. Estava encantada e ansiosa para vivenciar uma viagem que atravessaria continentes, navegaria por mares até então desconhecidos por ela.
A noite caiu e num belo vestido de veludo rosado muito elegante na companhia de suas amigas se dirigiram para o jantar. Foi um princípio de noite adorável, todas muito animadas brindavam a vida e aquela maravilhosa viagem com um belo prosseco italiano. Para ela foi um jantar impecável em boas companhias, estava animada para depois ouvir música e se divertir em algum ambiente daquele lindo navio.
Ela sempre foi uma mulher observadora, embora quando está em boas companhias, não perceba muito o que acontece fora da sua roda. Naquele dia ela percebeu a presença de uma senhora que havia visto no mesmo restaurante em que ela jantava. Era uma senhora elegante, muito bem vestida, de cabelos escuros e presos, aproximadamente uns 70 anos que chamou sua atenção,pois, de vez em quando ela se levantava da mesa e com um copo curto de uisque se dirigia para fora do restaurante, provavelmente para fumar. Comentou para as amigas daquela senhora sobre sua elegância e disposição.
Depois do jantar então seguiram para um ambiente onde havia música ao vivo uma grande pista de dança e lounges aconchegantes onde imediatamente se instalaram.
A garçonete muito simpática anotou os pedidos, vamos beber e nos divertir todas falavam !! A alegria tomava conta daquele grupo de amigas. A música era boa pra dançar e foi isso que fizeram, foram diretamente para pista se divertirem.
Ela ainda sentada apreciando seu prosseco e observando ao seu arredor avistou aquela senhora que havia visto no restaurante. Não era hábito de se aproximar de alguém e puxar assunto, não parece mais ela é um pouco introvertida para tal atitude, mas de repente se levantou com sua taça na mão e se dirigiu aquela senhora. Foi um impulso, naquele navio haviam muitos estrangeiros, não se deu conta que aquela senhora poderia não entender seu idioma ou mesmo o ato da abordagem... sim abordagem porque ela sem timidez alguma se aproximou da senhora esticou sua mão para um cumprimento, se apresentou, sentou-se e foi recebida com muita simpatia. Em poucos minutos conversaram e se conheceram um pouco, suficiente para ela saber que aquela senhora era uma carioca arquiteta aposentada, chamava-se Helena e praticamente vivia dentro do navio. Entre muitos assuntos que trocaram contou que depois de se aposentar e ficar viúva ela optou por viver navegando. Com certeza ela se encantou com aquela estória que a senhora estava lhe contando e a admiração só aumentou. Após um longo papo se despediram, a senhora foi dançar na companhia de um elegante senhor que a tirou pra dançar e ela voltou ao encontro de suas amigas. Estava uma noite divertida, dançavam, riam, bebiam...um felicidade visivelmente notada.
Assim seguiram até quase o nascer do sol, pura alegria que contagiavam a todos ao redor daquelas amigas.
No dia seguinte o navio atracou em Barcelona, era bem cedo e todas tinham combinado de descer e aproveitar aquela charmosa cidade, visitar alguns lugares turísticos, comer uma comidinha típica, fazer umas comprinhas e lógico levar estórias pra contar. *Teria muito coisa pra contar a vocês sobre cada cidade que o navio atracou nessa viagem, mas vou me concentrar em outra parte, a do "encontro de almas".
Fim de tarde, depois de bater penas por toda Barcelona, de volta ao navio já era momento de descansar um pouco e se preparar para o jantar. Como a noite anterior tinha sido completamente agradável naquele bar com música ao vivo e pessoas animadas, já estava certo entre elas que após o jantar seguiriam pra lá. Cada dia era um tema o cardápio do jantar, ela gosta muito de gastronomia e se delicia em curtir uma boa mesa na companhia de pessoas queridas e cheias de conteúdo. Novamente avistou Helena e a cumprimentou, trocaram algumas palavrinhas e elogios.
O jantar seguiu com tranquilidade regado a um bom vinho italiano e de lá foram ao bar dançar. Ela estava se sentindo linda e feliz, aquela viagem estava lhe fazendo muito bem, estava se conhecendo melhor, aprendendo a viver só, muita coisa estava acontecendo e isso era eufórico pra ela que sempre foi uma mulher intensa.
Suas amigas super animadas seguiram pra pista de dança enquanto ela permaneceu em seu lounge degustando seu vinho e apreciando o ambiente, como gostava de fazer. Era um lugar amplo, bar grande, duas entradas e saídas laterais, uma pista de dança com um piso brilhante e ao teto um grande lustre de cristal, no palco de cortinas vermelhas sempre uma banda que comandava a noite e muita gente animada. Ela divertia-se só de olhar aquela festa, quando lá longe, bem longe dos seus olhos viu um homem de estatura média, pouco calvo, usava óculos e vestia uma farda, até aí tudo bem se não fosse o pensamento instantâneo de que aquele homem era seu marido. Como? Meu marido? Que maluquice é essa?! ela mesmo se questionou. Nem havia bebido tanto para pensar que estava criando coisas loucas naquela cabecinha. Mas aquilo ocorreu e ela não entendeu, mas achou estranho um pensamento daqueles por uma pessoa que nunca tinha visto antes, que nem fazia seu tipo de homem...acabou rindo de si mesma, quando aquele homem se aproximou de Helena e com um gesto de respeito a abraçou e sentou-se conversando por alguns minutos. Neste momento ela achou estranho, justamente as duas pessoas que lhe chamaram a atenção naquele navio se conheciam... haviam mais de 4 mil pessoas e justamente fez amizade com uma mulher que conhecia o homem que lhe causou tal pensamento.
Era início da noite, mas a agitação já era grande, levantou-se para ir ao toalhete, quando voltava passando pelo bar, lá estava ele a dar ordens para pessoas que ali trabalhavam. Como um imã olhou para ela e sorriu, imediatamente ela reconheceu aquele sorriso, pensou: eu conheço esse homem! Dá onde seria, seu sorriso era familiar. Ele se aproximou a cumprimentou com um aperto de mão, disse seu nome e começou a conversar. Ela raramente conversava com pessoas que não conhecia, assim como estava conversando com ele, como se já se conhecessem a muito tempo. Por uns 30 minutos eles dialogavam e sorriam, ela contava com entusiasmo da sua viagem e mesmo eles não falando o mesmo idioma, se entendiam muito bem. Depois de se despedirem, ele foi embora daquele ambiente e ela voltou a estar com suas amigas que estavam se divertindo muito.